sexta-feira, 1 de agosto de 2008

ATÉ PARECE QUE FOI ONTEM


Tarde do dia 30/07/1985, minha mãe arruma a minha bolsa para uma viajem que estou preste a fazer. Minha primeira viajem sem meus pais. Adrenalina aflora, não consigo dormir direito tamanha a tensão que estou sentindo. Eu no auge dos meus 13 anos de idade fico imaginando como seria a viajem, como seria o Rio de Janeiro, Praias, mas nada disso era o mais importante. Eu estava me preparando para ir ao Rio assistir a partida final do Campeonato Brasileiro de 1985 contra a equipe do Bangu, até o momento não entendia o pq de não se fazer uma partida no Couto tbm, mas fazer o que né, coisas da CBF. Chegamos ao Couto se não estou enganado por volta das 18 horas estacionamos onde hoje fica os carros da imprensa, na entrada da torcida adversária, vários ônibus ali parados, a sala da Mancha Verde ficava lá atrás. Fui lá ver qual era o meu ônibus, lembro até hoje que a empresa que nos levou até a nossa maior conquista se chamava Greenwich Turismo, achei meu ônibus. Na porta me despedi do meu pai, do meu irmão e da minha mãe que a esta hora não parava de chorar, e eu com a maior vergonha dela, pois todos os meus amigos de torcida estavam ali vendo ela chorar. Sempre as habituais recomendações, embarquei. Quando o motorista ligou o ônibus, meu coração parecia que ia sair pela boca. Até São Paulo foi uma viajem bem tranqüila, chegamos pela manhã em São Paulo, todos nas janelas cantado, batendo na lataria do ônibus, bandeira tremulando na parte superior do ônibus, uma grande festa. Durante o trajeto vários carros passavam por nós, tocando a buzina, pensei vai ter muita gente lá. Chegamos ao Rio no horário do almoço, ficamos concentrados na paria vermelha, ao pé do Pão de Açúcar. Sem me alongar mais, deu o horários de irmos para o Maracanã, chegamos com o estádio ainda vazio, lindo gigantesco, armamos nossas faixas, aprontamos nossos instrumentos musicais, preparados para o jogo. Lembro que peguei uma Sprite, refrigerante que nunca tinha visto, pois aqui em Curitiba só tínhamos a Minuano. O povo foi chegando, o estádio lotando, se não estou enganado mais de 91 mil pagantes, na sua maioria torcida dos times grandes do rio, nossa torcida era maior e mais barulhenta que a do Bangu. Começa a partida e eu já quase sem voz, bola vai, bola vem, jogo bastante disputado, o Bangu tinha uma boa equipe com vários jogadores de seleção. Rafael fazendo grandes defesas, bem sobre o jogo todos sabem como foi. Correto? No gol do Bangu, que barulho fez o Maracanã, mas vamos pular ao mais importante. A decisão por pênaltis:
Na cobrança derradeira como se diz em Ibaiti, um silencio monstruoso no Maraca. Poderíamos ouvir naquele momento uma mosca. Correu, bateu...
Não acreditava, pra fora, éramos campeões brasileiros. Meus amigos, emoção maior ou igual a essa apenas no nascimento do Dudu meu filho, calamos mais de 85 mil pessoas, ficava imaginando a festa que meu pai e meu irmão aqui em Curitiba estavam fazendo, e que toda a cidade estaria. Já se passava da meia noite, já era dia 1º de Agosto, lembro que falavam que nós éramos os campeões da nova república, não entendia direito o pq, coisa de política se não estou enganado, mas pra mim não importava, só importava é que éramos campeões brasileiros.
Fomos bem tarde para os ônibus, todos exaustos com a partida. Chegando em Curitiba a cidade ainda estava colorida de verde e branco.
Faço esse pequeno relato apenas para relembrar a nossa maior conquista. E tentar passar a vocês amigos coxas um pouco da emoção que vivi nesse dia.
Até parece que foi ontem, mas já se passaram 23 anos desta feita, eu estava em loco e espero não ser a única vez que presenciei essa conquista. Espero ainda poder ver meu Coritiba Foot Ball Club mais vezes Campeão Brasileiro.
Gostaria de agradecer a meu pai, onde quer que ele esteja, estará olhando por mim e pelo nosso glorioso coxa e a minha mãe, que me proporcionaram tamanha emoção e felicidade.
Saudações AV

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns Netão, muito bom relato, esta história vc vai contar muitas vezes pro Dudu, pros filhos dele e pros filhos dos filhos dele, que com certeza levarão adiante essa dádiva de ser coxabranca